sexta-feira, 24 de dezembro de 2010


hoje não tem escapatória. seja a sua família grande ou pequena, muito provavelmente você terá que se confrontar com a ceia de natal.

realmente não sei se nessa hora o tamanho da familía é proporcional ao constrangimento. em famílias pequenas, o assunto certamente acaba logo e ficam todos com aquela cara de banana sentados no sofá, empanturrados de tanto comer, sentindo vergonha alheia pela xuxa, didi ou qualquer coisa do gênero que esteja passando na televisão nessa data especial.

falando nisso, onde está a cantora simone? eu elaborei uma teoria de que durante o ano, ela se escondia, só aparecendo em meados de novembro ou dezembro para cantar a fatídica canção do natal e ano novo, ganhar algum dinheiro e depois sumir novamente por outros onze meses. não sei se é porque eu não assisto mais televisão, principalmente depois do advento da banda larga, mas esse ano senti a ausência dela.

ao natal: hoje é o dia (ou melhor, a noite) de encontrar aqueles parentes que você não viu o ano inteiro, mas que vão dizer que te amam. te amam tanto que não lembraram do seu aniversário (exceto os que tem orkut - ainda), ou não foram te visitar no hospital depois do acidente de trânsito que você sofreu. sem falar que vão te encher de perguntas para tentar resumir em no máximo, três frases, todos os seus esforços durante o último ano.

''tá namorando? tá estudando? tá trabalhando?'


se você ousar responder não para alguma dessas três perguntas, vai escutar que a sua geração não quer nada mesmo. e muito provavelmente, o interlocutor vai dizer que com a sua idade, já tinha saído de casa, constituído família, comprado o primeiro apartamento no grajaú e um fusca azul-calcinha. e você vai se perguntar o que tem a ver com isso.

se você responder sim às três perguntas acima, será imediatamente metralhado com outras perguntas mais específicas, para o "detetive" em questão elaborar o seu relatório interno sobre a sua vida, o qual será útil para falar sobre você com os outros parentes depois.

nunca escapamos também daquela tia (às vezes ela nem mesmo é sua tia, é uma mera agregada da família, que foi vizinha de porta da sua mãe em 1977 naquele conjugado na glória) que vai dizer: "nossa, como você cresceu!". mas como já somos grandes, não vai mais apertar nossas bochechas como há alguns anos atrás.

sem falar no tio tarado (repito que não necessariamente é mesmo seu tio, pode até mesmo ser o porteiro do seu prédio que vai passar de apartamento em apartamento para montar a ceia da família dele com pedaços da ceia dos moradores) que vai fazer alguma piada do gênero:

'e aí, vai cair de boca primeiro no peru ou na rabanada?'

ou você não responde e sorri de volta para o aspirante a comediante ou inocentemente, diz que vai pegar um copo de refrigerante e foge dali.

talvez aconteça de um casal de tios (provavelmente, a mulher é sua tia mesmo, que está em seu 6º marido, tendo o alcoolismo como traço comum entre os seis, talvez seja o critério de seleção dela) exceder-se no vinho e cometer alguma gafe, como cair na porrada em público por ciúmes ou então trancar-se-ão no banheiro para satisfazerem a lascívia um do outro.


em suma, o que eu quero dizer é para não nos esquecermos do verdadeiro sentido do natal: encher a cara de comida e de bebida para depois sentirmos remorso por tais excessos e novamente, colocarmos como resolução de ano novo emagrecer alguns quilos e adotar um modo de vida mais saudável.

enfim, tenho que parar de ficar divagando por aqui e colocar as coisas no carro. afinal, natal que se preze é no subúrbio, na casa da tia nely ou do seu raimundo. quem mora na zona sul vai fazer o tradicional passeio de final de ano por bairros como coelho neto, madureira, cachambi... e se a sua casa fica em algum desses lugares, provavelmente o anfitrião será você mesmo.



feliz natal procês!